Fui um cara de Windows a vida toda. Lembro de ter aberto o REGEDIT pela primeira vez já no Windows 3.1 (apesar de ficar decepcionado porque ele quase não servia pra nada antes do Windows 95). Mas sempre foi assim – Windows hardcore e fã de carteirinha. Mas com todas suas virtudes, o Windows é caro e pesado. Especialmente se estivermos falando do mundo de servidores, numa empresa média – digamos uns 50 a 200 PCs. Então é inevitável considerar a possibilidade do Linux.
Mas, e aí? Dá pra adotar o Linux sem morrer de raiva? Dá. Dá até pra ser feliz. Mas como tudo que vale a pena na vida, precisa abraçar a causa. Vamos falar do óbvio primeiro?
Por onde começo?
A primeira coisa que você precisa descobrir é: Qual o problema que você quer resolver?
Talvez você precisa do Linux porque quer brincar com o Raspberry Pi e ele não roda Windows (pelo menos não o Windows que a gente está acostumado). Talvez você queira dar vida nova a um PC mais antigo e o Windows está uma carroça ou comeu todo seu espaço em disco. Ou talvez você precise preparar (ou… regularizar…) uma empresa de pequeno e médio porte mas não está disposto a pagar pelo valor cada vez mais alto do Windows Server. Talvez você tenha decidido se livrar de todo software que não for 100% livre. Sabendo o que quer resolver, ficará mais fácil saber por onde começar.
Aqui vão algumas dicas rápidas de distribuições Linux para os casos citados acima:
- Para dar vida nova a um computador velho: Peppermint OS. Tem uma interface que lembra o Windows mas é leve e pouco exigente. Como é baseado no Ubuntu, é fácil encontrar informações online.
- Raspberry Pi: Se você está lendo esta seção então é porque precisa começar pelo Raspbian, ou Raspberry OS. Depois pode brincar com os outros, mas comece com aquele que concentra 90% dos exemplos da net.
- Servidores: Minha preferência é o Debian. É estável pra caramba, tem uma disciplina de desenvolvimento enorme e um gerenciador de pacotes de apresentar pra mãe. Para um servidor, é tudo que eu preciso.
- Para brincar como alternativa ao Windows no PC: O Ubuntu é o preferido dos leigos, mas se quiser algo com mais cara de Windows mas ‘coração’ de Ubuntu, eu gosto do Zorin OS.
Como não morrer de raiva?
Instalou o Linux pra brincar? Já se arrependeu? Tá com saudade do Windows onde dá pra achar as coisas pela interface gráfica? Calma. É normal.
O Linux pode ter um milhão de vantagens, mas consistência e facilidade de uso não são iguais ao Windows. #prontofalei. Isto tendo sido dito, dá pra encontrar a felicidade novamente. Só precisa entender que o Windows e o Linux são dois animais diferentes. Ficar comparando os dois a cada 5 minutos só vai te fazer perder tempo e cabelo. Aceite esse fato de vida e você vai perceber muitas coisas que vai acabar gostando mais do jeito Linux de fazer. Outras vai continuar preferindo do jeito Windows. Mas não vai morrer de raiva e você vai acabar sendo um administrador de Windows melhor – e que ainda por cima se vira no Linux.
Outra coisa: pode esquecer comida na boquinha. No mundo Linux existe até um certo orgulho em não tornar as coisas fáceis demais, então muitas das informações de resolução de problemas vai estar em fóruns, e quase sempre em inglês. Então se prepare para usar bastante o Google-Fu. E o Google tradutor. E se der sorte, o blog Unagui que eu decidi escrever justamente pela dificuldade em encontrar guias com começo meio e fim que ainda funcionem em 2020.
Em resumo, se você souber por que quer o Linux e aceitar que ele não é um ‘Windows grátis’ vai se abrir a um mundo novo e virtualmente ilimitado. Vai por mim, que sou um cara de Windows.
Então escolha uma uma das opções de Linux acima, instale e comece pelo começo. Nos próximos posts vamos ver o que fazer com isso, começando com a escolha de uma boa distribuição linux para o desktop, como aprender o básico e como instalar um servidor Debian que você possa colocar em produção sem medo.